[ATENÇÃO: Recomendo a leitura do livro de Eclesiastes para entender melhor o que eu estou dizendo. E ouvir muito a musica do Los Hermanos. Até porque isso nunca é demais! rss]

Eclesiastes 1.3 – Que proveito tem o homem, de todo o seu trabalho, que faz debaixo do sol?

Taí uma pergunta que é praticamente impossível responder. Mas se basearmos no livro de Eclesiastes e na música O Velho e o Moço, do Los Hermanos, composta pelo Rodrigo Amarante, encontraremos algo em comum. O lamento.

Eu conheço a historia de Salomão, por tudo que foi me ensinado na igreja, na EBD, lendo alguma coisa na Bíblia, mas nunca parei para estudar a fundo a vida dele, biografada no velho testamento da Bíblia Sagrada. Mas já li Eclesiastes mais de uma vez e sempre que me pego lendo algum trecho de lá, vivo refletindo sobre a minha vida. Sim, sobre a minha vida e não sobre a vida do Rei.

Este livro mostra um Salomão já bem vivido, com muitas experiências de vida para contar, onde ele poderia ter se gabado do seu sucesso com a mulherada, da sua riqueza, do seu poder, da sua intelectualidade e de uma série de outras coisas. Mas não, ele preferiu abrir o seu coração e lamentar. Movido pela vaidade, passou a vida toda correndo atrás do vento.

O que mais me intriga nisso tudo, é imaginar o que eu escreveria no meu livro biográfico. Um dos meus maiores medos é ter vindo a este mundo a passeio. É passar por aqui sem ter feito nada de útil. E isso não necessariamente quer dizer fazer algo grandioso. Mas sim valioso. E não valioso monetariamente falando, mas sim afetiva e espiritualmente. É ter vivido bem com a maioria. É respeitar e ser respeitado. É amar, ajudar, criar, participar, compartilhar… É ser bom pra mim! É ser ótimo pro outro. É acima de tudo crer. Ter fé. N’Ele e na vida.

Amarante deve ter lido as lamentações do rei e sabiamente poetizado suas lastimas em uma bela canção. O Velho e o moço é uma música que Salomão com certeza cantaria. Lamentando por não poder mudar o que passou. Mas assumindo que viveu intensamente o que se propôs viver.

O Velho e o Moço – Los Hermanos

Deixo tudo assim
Não me importo em ver a idade em mim,
Ouço o que convém
Eu gosto é do gasto.

Sei do incômodo e ela tem razão
Quando vem dizer, que eu preciso sim
De todo o cuidado

E se eu fosse o primeiro a voltar
Pra mudar o que eu fiz,
Quem então agora eu seria?

Ahh, tanto faz
Que o que não foi não é
Eu sei que ainda vou voltar…
Mas eu quem será?

Deixo tudo assim,
Não me acanho em ver
Vaidade em mim
Eu digo o que condiz.
Eu gosto é do estrago.

Sei do escândalo
E eles têm razão
Quando vêm dizer
Que eu não sei medir
Nem tempo e nem medo

E se eu for
O primeiro a prever
E poder desistir
Do que for dar errado?

Ahhh
Ora, se não sou eu
Quem mais vai decidir
O que é bom pra mim?
Dispenso a previsão!

Ah, se o que eu sou
É também o que eu escolhi ser
Aceito a condição

Vou levando assim
Que o acaso é amigo
Do meu coração
Quando fala comigo,
Quando eu sei ouvir…